Numa iniciativa conjunta do Executivo angolano, da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e da União Africana (UA), o Fórum propõe, entre outros, reafirmar e fortalecer o compromisso político do continente africano com a igualdade de género e o empoderamento da mulher e a salvaguarda dos seus direitos.
No âmbito da realização do referido evento, que conta com mais de mil participações nos dois dias, a Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, recebeu, ontem, em audiência, a ex-Presidente da Libéria e Prémio Nobel da Paz 2011, Ellen Johnson Sirleaf, a enviada especial para Mulher, Paz e Segurança da União Africana, Bineta Diop, e a representante especial do Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) para a República Democrática do Congo (RDC), Bintou Keita.
Em declarações à imprensa, depois do encontro que aconteceu no período da tarde, Ellen Johnson disse que abordou com a Vice-Presidente questões inerentes ao papel da mulher em África, desafios enfrentados e pontos de vista para ver como o continente pode progredir neste sentido.
Ellen Johnson felicitou Esperança da Costa por ter alcançado, como mulher, o mais alto nível, sendo Vice-Presidente da República de Angola.
Sobre o Fórum, destacou a presença de mulheres vindas de várias partes do mundo, ao mesmo tempo que fez saber sobre a existência da Rede de Mulheres em África, da qual é patrona e que está baseada em três capítulos apoiados pela União Africana e pelas Nações Unidas.
Com a Vice-Presidente Esperança Costa, a enviada especial para Mulher, Paz e Segurança da União Africana, Bineta Diop, falou sobre o modelo a usar enquanto mulheres líderes, uma vez que na União Africana existe o lema de “silenciar as armas”, que também vai ser usado no Fórum naquilo que tem a ver com a segurança.
Segundo Bineta Diop, a intenção é ter mulheres que possam representar a sociedade e, por isso, acrescentou, “trouxemos a senhora Ellen Johnson que vai dar a sua contribuição no Fórum que acontece amanhã (hoje)”, ressaltou, fazendo jus não só do trabalho da mulher para a paz, segurança e estabilidade, mas também para o desenvolvimento.
“Queremos ver mulheres desenvolvidas na área do financiamento, agricultura e outras”, frisou, destacando Angola como um dos melhores exemplos, onde existe uma mulher Vice-Presidente da República, um contributo que se pretende contínuo, de modo a ajudar a incentivar mais mulheres.
Bineta Diop referiu que o Fórum conta, também, com a participação de homens, porque acredita que não se pode construir uma sociedade sem os homens. “Temos de trabalhar de mãos dadas e seguir a Agenda da União Africana 2063”, ressaltou.
Ao finalizar, a enviada especial da União Africana destacou o trabalho que o Presidente da República, João Lourenço, tem feito para promoção de mulheres líderes, como a Vice-Presidente Esperança Costa.
Um Fórum frutuoso
O Iº Fórum Internacional da Mulher para Paz e Democracia decorre sob o lema “Inovação Tecnológica como Ferramenta para o Alcance da Segurança Alimentar e Combate à Seca no continente africano”.
A realização do Fórum insere-se no âmbito da Bienal de Luanda — O Fórum Pan-Africano para a Cultura da Paz e Não-Violência, uma iniciativa conjunta do Governo angolano, UNESCO e da União Africana, com o objectivo de promover a paz, prevenir a violência, fomentar a resolução pacífica de conflitos e o incentivo ao intercâmbio cultural em África e o diálogo intra-geracional.
O Fórum, segundo o porta-voz do evento, o secretário de Estado para a Comunicação Social, Nuno Caldas, marca um ponto de viragem na promoção e defesa da igualdade, emancipação, progresso sócio-económico, erradicação da violência, enquanto prioridades fundamentais do Executivo angolano e da Agenda Comum, definida pelas Nações Unidas, que privilegia, sobretudo, a paz e a democracia.
Nuno Caldas, que anunciou o evento numa conferência de imprensa, no Centro de Imprensa “Aníbal de Melo” (CIAM), disse que o grande certame que Angola acolhe está aliado à Agenda Global para a Protecção e Promoção da Igualdade, consagrada na Carta das Nações Unidas e com o Programa ONU Mulheres, a fim de empoderar as mulheres, garantir a conquista da igualdade entre mulheres e homens, como parceiros e beneficiários do desenvolvimento em África, dos Direitos Humanos, da acção humanitária e da paz e segurança nacionais.
Programa do dia
Segundo o programa do evento, a sessão de abertura conta com as palavras de boas vindas do governador da província de Luanda, Manuel Homem, seguido do discurso da Vice-Presidente da República, Esperança da Costa.
Logo depois começa o primeiro painel com o tema “Os desafios da globalização no processo do empoderamento de género”, que vai ter como moderadora a ministra de Estado para a Área Social, Dalva Ringote, e como oradoras a ex-Presidente da Libéria e Prémio Nobel da Paz em 2021, Ellen Johnson Sirleaf, e a ex-Vice-Presidente da Costa Rica e membro do Fórum Permanente de Pessoas de Ascendência Africana do ACNUR, Epsy Campbell Barr.
No segundo painel, com o tema “Inovação Tecnológica, Educação para o Alcance da Igualdade de Género, Desafios e Oportunidades”, estão previstas as oradoras Laurinda Hoygaard, economista e membro do Conselho Económico e Social, Maria Cândida Teixeira, embaixadora de Angola em Cuba, Marie Keysire, representante da ONU Mulheres em Moçambique, e Mara Quiosa, governadora da província de Cabinda.
No período da tarde, além da discussão em torno da “Formalização como Mecanismo de Inclusão Social e Financeira”, com a participação da deputada Idalina Valente, e a directora Executiva do Grupo Banco Mundial para Angola, Nigéria e África do Sul, Ayanda DIodlo, acontece, também, como actividade paralela, a aula magna que vai decorrer sob o tema “Desafios da Segurança Alimentar e Alterações Climáticas no continente africano”, com o antigo ministro da Agricultura e Equipamento Rural e actual embaixador do Senegal na Itália.
Para amanhã e último dia do Fórum, estão previstos dois painéis, um sobre os “Desafios da Segurança e as Alterações Climáticas no Continente Africano” e o outro sobre o “Papel da Mulher na Consolidação da Paz e Prevenção de Conflitos”.
No painel sobre “Desafios da Segurança Alimentar e Alterações Climáticas”, destaca-se a presença da comissária para Agricultura e Desenvolvimento Rural, Economia Azul, Ambiente Sustentável da União Africana, a angolana Josefa Correia Sacko.
Entre os participantes ao evento, destacam-se, também, a ministra da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, Ana Paula do Sacramento Neto, a enviada especial para Mulher, Paz e Segurança da União Africana, Bineta Diop, e a representante do Secretário-Geral da ONU para a RDC, Bintou Keita.
Segundo o porta-voz do vento, Nuno Caldas, a abordagem dos temas enquadra-se na reflexão universal do foco intercontinental e nacional, tendo em atenção os principais eixos da Estratégia de Longo Prazo 2050, da Agenda do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas 2030 e da Agenda 2063 da União Africana.
Foi criado, também, um sítio na Internet https://forum.bienaldeluanda.gov.ao, onde os cidadãos podem acessar e participar no evento.
Fonte: Jornal de Angola